Geraldo Magela - PT
“Nós temos a obrigação de pensar em melhorias para
toda a região metropolitana”
Pré-candidato ao
Senado Federal, deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) responde polêmicas
envolvendo a Secretaria de Habitação do Distrito Federal e se posiciona sobre a
gestão atual do governo Agnelo.
Por Fernanda Queiroz e Hícaro Teixeira
Indicado pelo Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar (DIAP) como um dos parlamentares mais atuantes, o
deputado federal Geraldo Magela (PT-DF) completa este ano 35 anos de vida
pública. E em seu terceiro mandato como deputado, eleito com 86 mil votos,
acumula experiências como deputado distrital e secretário de Habitação,
Regularização e Desenvolvimento Urbano. Magela foi membro do grupo de criação da
Lei Orgânica na Câmara Legislativa, relator geral do Orçamento da União na
Câmara dos Deputados, e em 2010 assumiu a PPCUB na Sedhab, principal plano de
preservação de Brasília, exigida pela Unesco. “As
principais propostas vão surgir do debate que eu vou fazer com a sociedade”. Ao
Cotidiano Blog, o pré-candidato apresenta suas ideias para as eleições,
comentando a gestão do PT no DF e analisa casos polêmicos da capital e do
Brasil.
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Foto: Blog do Magela |
Cotidiano – De que forma o
trabalho no Senado pode garantir melhorias no DF?
Magela - O papel do Senador é
sobretudo representar a população do seu estado. No caso do DF nós temos
obrigação de buscar recursos para melhorar os serviços públicos e para melhorar
a condição de vida, especialmente para fazer melhorias que sejam estruturantes
não apenas para o DF mas para toda região metropolitana envolvendo os estados
de Minas Gerais (MG) e de Goiás (GO).
Cotidiano – O que você destacaria
que seja de extrema importância para melhorar em Brasília. Com o seu trabalho
no Senado será possível?
Magela – Eu considero que nós
vamos ter que buscar recursos para a melhoria da saúde pública, que é uma
demanda da população. Vamos olhar com muita atenção para a questão da segurança
pública. E, por fim, ajudar no processo de melhoria dos salários dos
trabalhadores da educação e dos servidores públicos de um modo geral.
Cotidiano – Quais são suas
principais propostas para a eleição deste ano?
Magela - As principais
propostas vão surgir do debate que eu vou fazer com a sociedade. Eu tenho as
minhas teses e as ideias do meu partido, mas eu quero ouvir muito a população.
Nós temos assuntos que são latentes neste momento como, por exemplo, o debate
que é feito sobre segurança pública. Além disso, vou defender teses das quais
eu já trabalho, como o de estabelecer no Brasil o voto facultativo para toda a
população. Eu diria que as bandeiras da educação, segurança pública e voto
facultativo constarão de qualquer forma na minha plataforma de campanha, mas o
conjunto da plataforma vai depender do que nós ouvirmos da população.
Cotidiano – Que balanço o sr. faz
do seu mandato como deputado federal?
Magela – Eu considero que os
mandatos que exerci de deputado foram de sucesso. Eu consegui aprovar algumas
leis, o que é raro no parlamento brasileiro. Destaco como uma lei importante a
que garante a gratuidade no registro de nascimento e a lei que diferenciou a
pichação do grafite. Destaco também o trabalho que exerci como relator geral do
orçamento da União no ano de 2009 que foi reconhecido como um trabalho muito
sério e de bons resultados para o País. O que eu ainda vejo como necessidade de
trabalhar é reforma política, uma exigência da sociedade. Eu sempre defendi o
financiamento público e exclusivo de campanha, sempre defendi o voto
facultativo, e são temas que ainda não foram abordados no Congresso Nacional e
que nós vamos ter que discutir.
Cotidiano - A última pesquisa do CNI-Ibope avaliou
o governador Agnelo Queiroz como o segundo pior do País. Apenas 9% dos
brasilienses avaliaram como positiva a atual gestão do DF. Qual é sua opinião
desse resultado?
Magela - O governo Agnelo é um bom governo, ele é melhor do que parece ser,
porque houve alguns equívocos em certos momentos de divulgação. Na verdade o
governo teve que passar dois anos cumprindo um compromisso que não era do GDF -
era do Brasil com exterior por causa do estádio. A população já está avaliando
diferente. Todos vêem que o nosso governo é sério.
Cotidiano - Não houve nenhuma discussão dentro do
PT para colocar outro candidato para concorrer na capital federal?
Magela - Não. O PT não quer mudar o candidato porque avalia que o governo vai
bem. O que existe hoje no governo é aquilo que qualquer outro faria. O conteúdo
do governo é muito bom, então não houve ninguém que se propusesse ou que fosse
apresentado para disputar a vaga de governo.
Cotidiano - O seu nome não foi mencionado nenhuma
vez? O sr. já concorreu contra o Roriz...
Magela - Meu nome sempre foi lembrado dentro do PT para vários cargos, mas sempre
deixei claro que a nossa posição era de não disputar a vaga do governo e que a
nossa intenção é o Senado.
Cotidiano - Nas BRs existem outdoors com a
propaganda da revista Urbana UP, e o sr. é a capa dela (está com camisa
vermelha, inclusive). Essa propaganda não estaria driblando a legislação
eleitoral, que só deixa fazer anúncios a partir do dia 5 de julho?
Magela - Evidentemente que não. Se houvesse essa interpretação o Ministério
Público teria acionado a Justiça para retirar os outdoors. O atual presidente
do Tribunal Superior Eleitoral [José Dias Toffoli], deixa claro que propaganda
antecipada é quando se pede voto. Mas na revista Urbana UP foi uma capa que
deram pra mim, e isso é um orgulho - mas é uma notícia. A matéria é
especificamente abordando a inserção da mulher seja como beneficiária ou como
trabalhadora. Na nossa política temos muitas propostas que beneficiam as
mulheres, e isso é informação livre.
Cotidiano - Quais serão as alterações nas planilhas
e mapas do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) ?
Magela - O PPCUB é um plano de preservação exigido pela Unesco, portanto, esse
plano está atrasado há 26 anos, ele já deveria existir desde o momento que
Brasília se declarou como patrimônio cultural da humanidade. Somente agora que
avançamos. Muita gente falou coisas sem ter conhecimento algum - e muita
besteira. Teve gente que falava de urbanismo e na verdade o fundo era
econômico.
Cotidiano - Especialistas, arquitetos e urbanistas são contra a aprovação o Plano
de Presenvação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) como está, pois
alteram as planilhas e mapas, além de prever uma nova cidade atrás da antiga
rodoferroviária. O que você acha dessas opiniões e qual sua posição sobre a
construção dessa “nova cidade”?
Magela - Isso é desinformação dos arquitetos, que inclusive uns são pagos pra
dizer isso. O PPCUB é um plano de preservação exigido pela Unesco e esse plano
está atrasado há 26 anos, desde que Brasília foi declarada como patrimônio
cultural da humanidade. Somente agora que avançamos e ele está em discussão há
quatro anos. Muita gente falou coisas sem ter conhecimento algum - e muita
besteira, inclusive falavam de urbanismo, quando na verdade o fundo era
econômico, representando interesses de empresários que são contra o Plano. O
mais importante a se dizer é que a diretora-presidente do Iphan [Jurema
Machado] escreveu que o PPCUB está de acordo com aquilo que o Instituto aponta
como positivo. O PDOT já estabelece que a área atrás da rodoferroviária é
urbana. E como o PPCUB estabelece o entorno da área que é tombada, isso não
cria nada novo, apenas explica o que fazer com a área.
Cotidiano - Sobre a copa, o que
ficará de herança do mundial em Brasília, especificamente?
Magela – A copa vai deixar
para Brasília vários legados positivos. O primeiro é o Estádio Nacional, um dos
mais belos e mais funcionais do mundo. Servirá para Brasília tanto em grandes
espetáculos esportivos, como culturais. Neste um ano de funcionamento ele
[Estádio] já recebeu um número de frequentadores que é maior do que toda a soma
dos 50 anos anteriores. Além disso, nós vamos ter um dos melhores e maiores
aeroportos do Brasil e, provavelmente, um dos mais modernos do mundo. E, claro,
as grandes obras de mobilidade que vão garantir acesso ao centro da cidade com
mais qualidade.
Cotidiano - Temos visto um
fenômeno de "justiça com as próprias mãos". Ao que você atribui esses
casos?
Magela – Eu vejo isso como
consequência da sensação de impunidade da população. A sociedade tem uma
percepção de que a justiça além de lenta, é ineficaz. Isso é problema da lei?
Não. É uma interpretação equivocada da lei porque, qualquer criminoso perigoso
pode responder preso. Agora essa sensação leva as pessoas a querer fazer
“justiça com as próprias mãos”, o que é um equívoco, um erro. O que nós
precisamos dar a justiça são condições para que seja eficaz e rápida. Isso
certamente pode ajudar a diminuir essa sensação de impunidade e naturalmente
impedir que as pessoas busquem fazer “justiça com as próprias mãos”.