Páginas

sábado, 15 de junho de 2013

Protesto contra violência acaba em violência


Ato pacífico foi repudiado por tropa de choque que alvejou manifestantes. 29 ficaram feridos


Por Hícaro Teixeira, Fernanda Queiroz e Rui Rodrigues Neto


Rui Rodrigues Neto/Polícia atirando contra manifestantes
BRASÍLIA - Todos manifestavam pacificamente sem vandalismos e ataques. O grupo em coro dizia: “Sem violência!". Mas não adiantou. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) atacou os brasilienses que participaram neste sábado (5) do movimento "Apoio aos manifestantes de SP e todo o país + Copa Pra Quem?". Os policiais da tropa de choque jogaram bombas de gás lacrimogênio, atiraram com balas de borrachas contra ativistas e jornalistas que estavam presentes.

A estudante Ana Flávia, 22 anos, conta que não xingou nenhum policial. Apenas pediu para a polícia parar com a agressividade. Em seguida levou um arrastão. “Ele meteu o Spray na minha cara e vieram com a viatura e me atropelaram. Está tudo gravado, mais tarde eu posto no facebook”, relata. 
O fotografo Rui Rodrigues Neto, que registrou a foto abaixo, relata que após fazer esta imagem - esse mesmo policial apontou a arma na direção dele. “Eu gritei nessa hora. Vão atirar na gente! Corri para o lado ele abaixou a arma e avançou na direção onde eu estava e atirou contra os manifestantes no outro lado da rua”, afirma.

Mais tarde, a polícia atropelou dois manifestantes com motos e uma estudante foi atingida por bala de borracha, e recebeu nove pontos na cabeça. Outros 29 ficaram feridos. 

A manifestação foi linda. Os brasilienses fizeram o correto: organizaram no facebook e mais de 4 mil pessoas apareceram.  

Foto: Rui Rodrigues Neto





Manifestações pelo Brasil e pelo mundo
Mesmo com a decisão da Justiça de conter qualquer manifestação no Estado que bloqueasse o trânsito total ou parcialmente em qualquer via, ativistas do movimento Copac (Comitê Popular de Atingidos pela Copa), formado por partidos de extrema esquerda e estudantes, oito mil mineiros se reuniram contra o aumento das passagens de ônibus e a corrupção na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte-MG. O protesto intitulado “1º Reunião pela Redução da Passagem – R$ 2,80 não!” foi pacífico e terminou por volta das 16h deste sábado (15).

O mesmo pacifismo não ocorreu nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo na última semana. O uso da força pelos policiais nas metrópoles brasileiras de forma violenta levaram por quatro dias ativistas às ruas, contra a corrupção e aos gastos dos estádios para os eventos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.

Foto: Rui Rodrigues Neto
Ativistas da Turquia na última sexta-feira (14) publicaram fotos na rede social facebook em apoio aos movimentos no país. Frases como “Resista Brasil. A Turquia está ao seu lado”, foram escritas pelos turcos.

Conselho de Direitos Humanos da ONU

Em meio aos confrontos que ocorreram na Avenida Paulista-SP, na última quarta-feira (12) o Conselho de Direitos Humanos da ONU, recomendaram ao Brasil o fim dos “esquadrões da morte” e “grupos de elite”, e o suprimento progressivo da polícia militar brasileira, acusada por vários assassinatos, em episódios como os das manifestações em São Paulo, e das invasões nas comunidades cariocas, no Rio de Janeiro. 

Pensando nos próximos grandes eventos que serão sediados, sete países dentre eles: Canadá, França, Paraguai, Coréia do Sul e Austrália, recomendaram "reformar o sistema penitenciário para reduzir o nível de superlotação e melhorar as condições de vida das pessoas privadas de liberdade". A recomendação foi feita durante a Reunião do Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil, à qual todos os países componentes da ONU se submetem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário