Ato pacífico foi repudiado por tropa de choque que alvejou manifestantes. 29 ficaram feridos
Por Hícaro Teixeira, Fernanda Queiroz e Rui Rodrigues Neto
Rui Rodrigues Neto/Polícia atirando contra manifestantes |
BRASÍLIA - Todos manifestavam pacificamente sem vandalismos e ataques. O grupo em coro dizia: “Sem violência!". Mas não adiantou. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) atacou os brasilienses que participaram neste sábado (5) do movimento "Apoio aos manifestantes de SP e todo o país + Copa Pra Quem?". Os policiais da tropa de choque jogaram bombas de gás lacrimogênio, atiraram com balas de borrachas contra ativistas e jornalistas que estavam presentes.
A estudante Ana Flávia, 22 anos, conta que não xingou nenhum policial. Apenas pediu para a polícia parar com a agressividade. Em seguida levou um arrastão. “Ele meteu o Spray na minha cara e vieram com a viatura e me atropelaram. Está tudo gravado, mais tarde eu posto no facebook”, relata.
O fotografo Rui Rodrigues Neto, que registrou a foto abaixo, relata que após fazer esta imagem - esse mesmo policial apontou a arma na direção dele. “Eu gritei nessa hora. Vão atirar na gente! Corri para o lado ele abaixou a arma e avançou na direção onde eu estava e atirou contra os manifestantes no outro lado da rua”, afirma.
Mais tarde, a polícia atropelou dois manifestantes com motos e uma estudante foi atingida por bala de borracha, e recebeu nove pontos na cabeça. Outros 29 ficaram feridos.
A manifestação foi linda. Os brasilienses fizeram o correto: organizaram no facebook e mais de 4 mil pessoas apareceram.
Foto: Rui Rodrigues Neto |
Manifestações pelo Brasil e pelo mundo
Mesmo com a decisão da Justiça de conter qualquer manifestação no Estado que bloqueasse o trânsito total ou parcialmente em qualquer via, ativistas do movimento Copac (Comitê Popular de Atingidos pela Copa), formado por partidos de extrema esquerda e estudantes, oito mil mineiros se reuniram contra o aumento das passagens de ônibus e a corrupção na Savassi, região Centro-Sul de Belo Horizonte-MG. O protesto intitulado “1º Reunião pela Redução da Passagem – R$ 2,80 não!” foi pacífico e terminou por volta das 16h deste sábado (15).
O mesmo pacifismo não ocorreu nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo na última semana. O uso da força pelos policiais nas metrópoles brasileiras de forma violenta levaram por quatro dias ativistas às ruas, contra a corrupção e aos gastos dos estádios para os eventos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo.
Foto: Rui Rodrigues Neto |
Ativistas da Turquia na última sexta-feira (14) publicaram fotos na rede social facebook em apoio aos movimentos no país. Frases como “Resista Brasil. A Turquia está ao seu lado”, foram escritas pelos turcos.
Conselho de Direitos Humanos da ONU
Em meio aos confrontos que ocorreram na Avenida Paulista-SP, na última quarta-feira (12) o Conselho de Direitos Humanos da ONU, recomendaram ao Brasil o fim dos “esquadrões da morte” e “grupos de elite”, e o suprimento progressivo da polícia militar brasileira, acusada por vários assassinatos, em episódios como os das manifestações em São Paulo, e das invasões nas comunidades cariocas, no Rio de Janeiro.
Pensando nos próximos grandes eventos que serão sediados, sete países dentre eles: Canadá, França, Paraguai, Coréia do Sul e Austrália, recomendaram "reformar o sistema penitenciário para reduzir o nível de superlotação e melhorar as condições de vida das pessoas privadas de liberdade". A recomendação foi feita durante a Reunião do Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil, à qual todos os países componentes da ONU se submetem.
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