Páginas

domingo, 24 de novembro de 2013

ESPECIAL MENSALÃO: E agora, a culpa é de quem?














Por
Hícaro Teixeira
Colaboração de Renato Souza

Após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar a prisão dos condenados do julgamento do mensalão, entre eles José Genoíno, Delúbio Soares e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o Partido dos Trabalhadores tem feito fortes pressões no presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, alegando que ele desrespeitou a lei. E ainda afirmaram que Barbosa “não agiu corretamente ao pedir que os condenados cumprissem a pena em Brasília”. Juristas, deputados, advogados, militantes e parentes ligados ao PT, além de atacarem Barbosa, fizeram duros ataques à imprensa, STF e 'elites' como se muitos não fizessem parte da própria elite.


Um dos primeiros ataques partiu do senador Wellington Dias (PT-PI), que propôs a presidente Dilma Rousseff, em reunião, juntamente com a base aliada, que o Senado usasse “competência constitucional para pedir explicações ao STF”. Dias também sugeriu a formulação de um pedido de impeachment para derrubar Barbosa. Dilma não permitiu a ideia, mas ficou preocupada com o estado de saúde de Genoíno, que estava tendo fortes dores no peito, depois de ter passado dois dias preso na Papuda. Ele começou a ter fortes dores no peito e foi levado diretamente para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), na qual fez exames e foi constatado que ele teve apenas 'pressão alta', segundo boletim médico do ICDF.

Com medo de comprometer a corrida nas eleições de 2014, percebe-se que Dilma, no momento, não quer demonstrar tanta preocupação, apesar de ser companheira de Genoíno. Mas nem é preciso, pois os próprios grupos ligados ao PT não estão abaixando a cabeça. O jurista Celso Bandeira de Mello, professor de direito da PUC-SP reprova as decisões tomadas por Barbosa, depois que foi decretado a prisão dos mensaleiros na sexta-feira (15), data da Proclamação da República. 


"Cabem providências jurídicas contra Joaquim Barbosa, entre elas o impeachment. Qualquer coisa que aconteça com Genoíno será responsabilidade de Barbosa", afirmou em entrevista ao jornal 'O Estado de S.Paulo'. Bizzaro, não é? Bandeira concedeu entrevista ao portal IG também e fez mais críticas dizendo que é mais um problema de maldade do presidente do Supremo. "Ele é uma pessoa má. Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele, pois já o convidei para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente maldade", declarou.  O diretório do nacional PT, também se manifestou contra a postura de Barbosa, mas a ideia de processá-lo foi descartada.

Agência Brasil
Caros leitores, Genoíno, Dirceu e Delúbio não são 'presos políticos', é até loucura afirmar isso
tem que ser muito pinéu para chegar esse consenso. O próprio ex-presidente do PT do Rio de Janeiro e professor de História Contemporânea, da Universidade Federal Fluminense (UFF) Daniel Aarão Reis, disse que "não faz sentido chamar petistas de presos políticos". Em entrevista ao Estadão, Aarão fez outra declaração interessante a respeito dos mensaleiros que estão presos. "Eles estão mais para políticos presos para presos políticos. Não faz sentido. O termo 'preso político' se aplica quando você combate politicamente um governo ou um regime. O José Dirceu e o José Genoíno não foram presos porque combateram o regime. Pelo contrário: eles estavam exercendo o poder dentro do governo", disse.

Aarão não foi o único a cogitar sobre o pensamento tolo dos três patetas. O ex-governador do Rio Grande do Sul, ex-ministro das Cidades e ex-prefeito de Porto Alegre, dá liderança histórica do PT, Olívio Dutra, criticou os dirigentes envolvidos no caso por conduta que teria destoado ideias do partido. "Eles conduziram mal, envolveram o partido", disse Olívio.

O decano do Supremo, ministro Celso de Mello, disse que o caso de mensalão "foi um dos episódios mais vergonhosos da história política do Brasil". O ministro também declarou no ano passado, que em mais de 44 anos de carreira na Justiça, nunca viu tão bem caracterizado o crime de quadrilha. "Nunca presenciei caso em que o delito de quadrilha aparecesse tão nitidamente caracterizado”.

Testemunhas

Seria surreal, uma corte mandar vários políticos para a cadeia sem provas e testemunhas. Por exemplo: alguns depoimentos indicaram que Genoíno negociara valores a serem repassados ao PP e ao PTB. A conversa em Brasília entre Delúbio e Genoíno com Pedro Henry e Pedro Correia, do PP, foi presenciada por Vadão Gomes. Eles conversaram sobre a necessidade de ajuda financeira do PT. Esse depoimento bateu com o de José Janene, que confirmou que o PP havia feito um acordo de cooperação entre o PP e o PT. Isso não é o suficiente?

Livre

Genoíno recebeu alta do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), na manhã do domingo (24), e foi para a casa da filha no DF. Segundo boletim médico o político "teve uma melhora significativa na pressão arterial e coagulação do sangue". O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, emitiu uma autorização provisória para que ele cumpra pena domiciliar. O STF deve ainda emitir um parecer definitivo, se Genoíno volta para a prisão ou se cumprirá a pena em casa.

Com colaboração de Renato Souza e informações do Estadão Conteúdo e Conjur. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário