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Foto: Breno Fortes.
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Por Renato Souza
A Polícia Federal (PF) comprou pizzas para os mensaleiros no primeiro dia de cadeia. Uma regalia que não é compartilhada aos demais detentos, que só podem comer a quentinha da cadeia. O cardápio da primeira noite no xadrez é citado em relatório do procurador federal dos Direitos do Cidadão, Aurélio Virgílio Veiga Rios, que visitou o Centro de Detenção Provisória da PF, na Papuda, em 17 deste mês, um dia após a transferência dos presos a Brasília.
Na ocasião, o procurador e dois promotores do Ministério Público do DF encontraram no local restos da comida entregue na véspera. Ao todo dez pizzas foram compradas na "Pizzaria Nathely", no Jardim Botânico.O local vende pizzas ao preço de R$ 10, R$ 14 e R$ 17, dependendo do sabor e tamanho. As massas foram levadas à cela 4, que abrigava o deputado José Genoino (PT-SP), o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o ex-tesoureiro do PL (hoje PR), Jacinto Lamas.
A Polícia Federal alegou que as pizzas foram compradas para os agentes, e oferecidas apenas para José Genoíno por educação. Mas Genoíno tem hipertensão e não pode comer alimentos salgados. Procurada pela imprensa, a pizzaria "Nathely" afirmou que "não vende massas com pouco sal ou especialmente para quem tem hipertensão.
A massa já vem pronta de fábrica," disse um atendente. Se a história da PF for verdade, os agentes podem ser os culpados do mal súbito de José Genoíno. Fato que lhe permitiu cumpri prisão domiciliar.
Por Hícaro Teixeira
Colaboração de Renato Souza
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) decretar a prisão dos condenados do
julgamento do mensalão, entre eles José Genoíno, Delúbio Soares e o ex-ministro
da Casa Civil José Dirceu, o Partido dos Trabalhadores tem feito fortes pressões
no presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, alegando que ele desrespeitou a
lei. E ainda afirmaram que Barbosa “não
agiu corretamente ao pedir que os condenados cumprissem a pena em Brasília”. Juristas,
deputados, advogados, militantes e parentes ligados ao PT, além de atacarem Barbosa,
fizeram duros ataques à imprensa, STF e 'elites' – como se muitos não fizessem parte da própria
elite.
Um dos primeiros ataques partiu do senador Wellington Dias
(PT-PI), que propôs a presidente Dilma Rousseff, em reunião, juntamente com a
base aliada, que o Senado usasse “competência constitucional para pedir
explicações ao STF”. Dias também sugeriu a formulação de um pedido de
impeachment para derrubar Barbosa. Dilma não permitiu a ideia, mas ficou
preocupada com o estado de saúde de Genoíno, que estava tendo
fortes dores no peito, depois de ter passado dois dias preso na Papuda. Ele
começou a ter fortes dores no peito e foi levado diretamente para o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF),
na qual fez exames e foi constatado que ele teve apenas
'pressão alta', segundo boletim médico do ICDF.
Com medo de comprometer a corrida nas eleições de 2014, percebe-se que Dilma,
no momento, não quer demonstrar tanta preocupação, apesar de ser companheira de
Genoíno. Mas nem é preciso, pois os próprios grupos ligados ao PT não estão
abaixando a cabeça. O jurista Celso Bandeira de Mello, professor de direito da
PUC-SP reprova as decisões tomadas por Barbosa, depois que foi
decretado a prisão dos mensaleiros na sexta-feira (15), data da Proclamação da
República.
"Cabem
providências jurídicas contra Joaquim Barbosa, entre elas o impeachment. Qualquer
coisa que aconteça com Genoíno será responsabilidade de Barbosa", afirmou
em entrevista ao jornal 'O Estado de S.Paulo'. Bizzaro, não é?
Bandeira concedeu entrevista ao portal IG também e fez mais críticas dizendo
que é mais um problema de maldade do presidente do Supremo. "Ele é uma
pessoa má. Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele, pois já o
convidei para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente
maldade", declarou. O diretório do nacional PT, também se
manifestou contra a postura de Barbosa, mas a ideia de processá-lo foi
descartada.
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Agência Brasil |
Caros leitores, Genoíno, Dirceu e Delúbio não são 'presos políticos', é até
loucura afirmar isso – tem que ser muito pinéu para chegar
esse consenso. O próprio ex-presidente do PT do Rio de Janeiro e
professor de História Contemporânea, da Universidade Federal Fluminense (UFF) Daniel Aarão Reis,
disse que "não faz sentido chamar petistas de presos políticos". Em
entrevista ao Estadão, Aarão fez outra declaração interessante
a respeito dos mensaleiros que estão presos. "Eles estão mais para
políticos presos para presos políticos. Não faz sentido. O termo 'preso
político' se aplica quando você combate politicamente um governo ou um regime.
O José Dirceu e o José Genoíno não foram presos porque combateram o regime.
Pelo contrário: eles estavam exercendo o poder dentro do governo", disse.
Aarão não foi o único a cogitar sobre o pensamento tolo dos três patetas. O
ex-governador do Rio Grande do Sul, ex-ministro das Cidades e ex-prefeito de
Porto Alegre, dá liderança histórica do PT, Olívio Dutra, criticou os
dirigentes envolvidos no caso por conduta que teria destoado ideias do partido.
"Eles conduziram mal, envolveram o partido", disse Olívio.
O decano do Supremo, ministro Celso de Mello, disse que o caso de mensalão
"foi um dos episódios mais vergonhosos da história política do
Brasil". O ministro também declarou no ano passado, que em mais de 44 anos
de carreira na Justiça, nunca viu tão bem caracterizado o crime de quadrilha.
"Nunca presenciei caso em que o delito de quadrilha aparecesse tão
nitidamente caracterizado”.
Testemunhas
Seria surreal, uma corte mandar vários políticos para a cadeia sem provas e
testemunhas. Por exemplo: alguns depoimentos indicaram que Genoíno negociara
valores a serem repassados ao PP e ao PTB. A conversa em Brasília entre Delúbio
e Genoíno com Pedro Henry e Pedro Correia, do PP, foi presenciada por Vadão
Gomes. Eles conversaram sobre a necessidade de ajuda financeira do PT. Esse
depoimento bateu com o de José Janene, que confirmou que o PP havia feito um
acordo de cooperação entre o PP e o PT. Isso não é o suficiente?
Livre
Genoíno recebeu
alta do Instituto de
Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), na manhã do domingo (24), e foi para a casa da filha no DF.
Segundo boletim médico o político "teve uma
melhora significativa na pressão arterial e coagulação do sangue". O
presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, emitiu uma autorização provisória
para que ele cumpra pena domiciliar. O STF deve ainda emitir um parecer
definitivo, se Genoíno volta para a prisão ou se cumprirá a pena em casa.
Com colaboração de Renato Souza e
informações do Estadão Conteúdo e Conjur.