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sábado, 19 de janeiro de 2013

MENSALÃO MINEIRO - A Origem por Hícaro Teixeira


Por Hícaro Teixeira









Assassinato, corrupção policial, fraudes periciais, uso de drogas, aventuras sexuais de autoridades tucanas, corrupção ativa, tráfico de influência, documentos falsificados, papéis apócrifos, brigas, chantagens, coerção de testemunhas e propina. Tudo isso ocorrera em 1998, na campanha de eleição de Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que serviu como laboratório para o mensalão petista.

A pergunta que não quer calar – por que a grande mídia não divulgou nada sobre esse grande desvio de verbas públicas? Por que jornalistas “famosos” que tem a ideia em tese de combater a corrupção através de blogs e vídeos, não citam esse assunto? Terá fogos de artifício se um dia esse caso for julgado pelo Supremo?



O escândalo aparecera em 2005, após a quebra de sigilos fiscais e bancários das agências de publicidade de Marcos Valério, durante a investigação do mensalão petista na CPI dos Correios. Foi revelada uma intensa movimentação financeira entre as contas da campanha e agências de publicidade. Apareceram 57 ligações telefônicas entre os números de Azeredo e Valério.



Foram desviados 10,8 milhões de reais – repito: 10,8 milhões de reais à 11 parlamentares dos  partidos, PSDB, PT e PFL (atual DEM). Cláudio Mourão, atual senador do PMDB, era tesoureiro de Azeredo na campanha, em 1998. Mourão elaborou uma lista de pagamentos para políticos envolvidos.


Em 2007, após a lista ser revelada, Mourão tentou negar os repasses, mas a perícia da Polícia Federal (PF) desmentiu o tesoureiro – pois foi obrigado a reconhecer sua assinatura.
No mês de julho em 2012, a revista CartaCapital revelou que houve outra lista. Marcos Valério entregou a “lista de Furnas” (assinada por ele) pelo seu advogado, Dino Miraglia de Belo Horizonte, à Polícia Federal e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. Miraglia conseguiu essa lista com o lobista Nilton Monteiro, antigo operador das hostes tucanas em Minas, também responsável pela divulgação de uma terceira lista, em 2002, com doações clandestinas desviadas dos cofres da estatal Furnas Central Elétricas.

Na lista de Marcos Valério, na qual os valores chegam a 100 milhões de reais, o grande susto é o nome do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que fora beneficiado com 185 mil reais.
 


A SMP&B Publicidade era a maior agência de publicidade de Minas Gerais em 1996. Tinha contratos com o governo estadual e com estatais gigantes, como a Usiminas, mas a empresa se afundava em uma dívida de 12 milhões de reais em caixa. De repente apareceu o jovem iluminado, Marcos Valério. Um rapaz com uma grande articulação e persuasão. Dizendo à Cristiano Paz (dono na agência) que conseguiria fácil, fácil, resolver todos os problemas – e resolveu!


Valério procurou a justiça e disse que conhecia o então presidente da Confederação Nacional do Transporte, Clésio Andrade. Quando ambos faziam cooper na lagoa da Pampulha, Valério abordou o empresário – apresentou-se como representante dos dons da SMP&B e revelou ter uma proposta: Andrade entraria como sócio da massa falida da empresa que se recuperaria em breve.

Clésio Andrade se tornou sócio majoritário da SMP&B e, pela intermediação do negócio, Valério, neófito no ramo, ficou com 10% das ações e o cargo de diretor-financeiro de outra empresa.

Logo após esses acontecimentos, Valério pensou em uma estratégia: afundar a SMP&B Publicidade e criar outra empresa com o mesmo nome –, criar não, ressuscitar – ele apenas modificou o nome para SMP&B Comunicação.

A empresa estava com a ficha limpa. Estariam assim credenciados à prosseguir no mercado e, principalmente, se embrenhar em uma nova seara: a das campanhas políticas.

Eduardo Azeredo

“Não houve mensalão em Minas Gerais. É um absurdo comparar o que houve com o PT – que pagou deputados em troca de apoio político, numa ação pós-campanha – com o que ocorreu durante minha campanha. Ali, foi um procedimento de prestação de contas da coligação que me apoiou. Foi uma prestação de contas, como outras que tiveram problemas” disse.

Azeredo passou a usar a mesma tese dos petistas condenados na Ação Penal 470; ou seja, se delito houve, foi unicamente de ter deixado de declarar parte dos recursos arrecadados - isto é, caixa dois, crime eleitoral.

Cristiane Aparecida Ferreira, 24 anos, foi assassinada por envenenamento seguido de estrangulamento no  San Francisco Flat,  na capital mineira, em agosto de 2000. Cristiane era modelo, mas segundo o inquérito policial, era descrita como garota de programa. Investigadores desconfiam que sua principal ocupação fosse entregar malas de dinheiro aos beneficiários do esquema.
Na lista de movimentação financeira da campanha de Azeredo contém nome da modelo recebendo R$ 1.8 milhões por determinação de Mares Guia.

Ela conhecia diversos políticos entre eles o ex-governador Itamar Franco, o ex-secretário da Casa Civil, Henrique Hargreves, o ex-governador Newton Cardoso, o ex-ministro do Turismo do primeiro governo do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Moraes.
Existem muitos fatos relevantes debaixo do tapete. Isso é apenas a ponta do iceberg. São fatos que a grande mídia não divulga.

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